Discurso Tomada de posse como Presidente da Comissão Nacional para os Direitos Humanos e a Cidadania

Excelência. Sr. Primeiro-ministro
Excelência. Sra. Ministra da Justiça
Excelências, Senhoras e Senhores Membros do Governo
Excelência, Sr. Provedor de Justiça
Exmo. Sr. Representante do Sistema das Nações Unidas em Cabo Verde
Senhores Representantes do Corpo Diplomático
Senhor Director Nacional da Polícia Nacional
Senhor Representante da Polícia Judiciária
Senhores Comissários da CNDHC
Senhoras e Senhores Convidados aqui presentes e aos que nos acompanham
virtualmente (através das redes sociais)
Muito bom dia!
Permitam-me, em primeiro lugar, saudar o Senhor Primeiro-ministro e a Senhora
Ministra da Justiça e agradecer ao Governo da República o desafio lançado para
abraçarmos a complexa missão de assumir a presidência da Comissão Nacional para os
Direitos Humanos e a Cidadania de Cabo Verde.
Após 33 anos de percurso profissional, essencialmente na gestão do capital humano, o
mandato ora assumido é um nobre desafio e contamos com todos para juntos
contribuirmos para a felicidade de cada cidadão nacional ou estrangeiro.
É nossa missão contribuir para um Cabo Verde de paz, assente na proteção e promoção
dos Direitos Humanos e da Cidadania.
Falar de Direitos Humanos, Cidadania e Direito Internacional Humanitário é uma
questão de Atitude, que valoriza: Paz, Respeito, Liberdade, Vida, Saúde, Educação,
Habitação, Segurança, Abordagem de Género, Trabalho Digno, Justiça, Tolerância;
Participação, Oportunidade; Reinserção Social; Família; Sentido de Pertença ( a nível
Pessoal/ Familiar/ Social / Profissional / Local/ Nacional / Regional/ Mundial), em todas
as faixas etárias, com igualdade, equidade, sem discriminação, sem violência e
inclusão, e com dignidade humana..
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A transversalidade e apropriação dos Direitos Humanos e da Cidadania são o garante da
sua universalização através de forte disseminação de conteúdos nas escolas, nas forças
armadas, na corporação policial, junto dos agentes prisionais, na comunicação social e
nas redes sociais, contando com forte empoderamento dos parceiros e das comunidades
em geral.
É nossa missão contribuir para um Cabo Verde de paz, assente na proteção e promoção
dos Direitos Humanos e da Cidadania.
Sr. Primeiro-ministro,
Srª Ministra da Justiça,
Senhoras e Senhores Convidados
Congratulamos com a candidatura de Cabo Verde para membro do Conselho dos
Direitos Humanos das Nações Unidas, uma oportunidade para a projeção do nosso país
enquanto Estado de Direito Democrático que promove e protege os direitos humanos e
pretende dar a sua contribuição para a proteção e a promoção dos direitos e da
dignidade da pessoa humana enquanto valores universais. A apresentação da
candidatura representará também um desafio que exige uma apurada articulação
interministerial e o engajamento do setor público, do setor privado e da sociedade civil,
nomeadamente, na aceleração do cumprimento das obrigações na apresentação dos
relatórios e na implementação das recomendações e na criação de condições da
materialização, entre outros, dos Princípios de Paris. Dos Estados eleitos como
membros do Conselho de Direitos Humanos, espera-se que mantenham os mais altos
padrões de promoção e proteção dos direitos humanos e uma cooperação plena com o
Conselho. Neste particular, o reforço da instituição nacional de direitos humanos com
mais recursos e alinhada com os referidos Princípios de Paris constituirá um sinal claro
do comprometimento de Cabo Verde no cumprimento das suas obrigações enquanto
Estado membro. Mas, não tenho dúvidas de que se trata de desafios ao alcance de Cabo
Verde.
Sendo este o ano em que Cabo Verde passará pela sua quarta avaliação no âmbito da
Revisão Periódica Universal (UPR) no Conselho de Direitos Humanos das Nações
Unidas, um esforço redobrado de todos será necessário para melhor preparação possível
desse processo e, em especial, para o apuramento cabal da implementação das
Recomendações da última passagem do país por esse exame, que aconteceu em 2018
(avaliação após cada 4 anos e meio). Deixamos aqui o apelo e foco no reforço
institucional e interministerial para garantir as condições da recolha e sistematização das
evidências dos avanços registados nesse domínio.
Importante realçar o trabalho a executar pela comissão interministerial na elaboração e
apresentação dos relatórios nacionais ao abrigo das diferentes Convenções
internacionais de Direitos Humanos de que Cabo Verde é parte, assim como um
encorajamento a todos os atores, nomeadamente a sociedade civil organizada, a uma
participação ativa e efetiva em todos os processos de avaliação e de reporting
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respeitantes ao nosso país, através da submissão dos próprios relatórios paralelos, no
ecossistema que concorrem com a sinergia necessária nesse domínio.
Assumimos um mandato, num contexto socioeconómico conturbado, num período pós
retoma da pandemia, onde os desafios não são poucos e os recursos não abundam.
O nosso sonho é que possamos em Cabo Verde, o país de Morabeza, defender mais
humanização em todas as áreas de intervenção, sejam elas públicas ou privadas,
instituindo uma verdadeira cultura de direitos Humanos e Cidadania (direitos e deveres).
É nossa missão contribuir para um Cabo Verde de paz, assente na proteção e promoção
dos Direitos Humanos e Cidadania.
A estratégia principal é definir prioridades no âmbito das Recomendações
Internacionais, baseadas nas Convenções Ratificadas por Cabo Verde, apostando num
trabalho pedagógico e em ferramentas para o empoderamento dos parceiros no terreno,
contribuindo com a assunção plena de atitudes condicentes com a proteção e promoção
da dignidade das pessoas, com destaque para as crianças, jovens, mulheres, pessoas com
necessidades especiais, reinserção social e outros segmentos.
A implementação do Observatório dos Direitos Humanos e Cidadania é de crucial
importância, como instrumento de monitorização e avaliação do grau do cumprimento
dos compromissos do país nessa dimensão transversal, a par de realização de estudos e
de um reforço da estratégia de comunicação, bem como o processo de denúncias, seu
tratamento e seguimento.
De realçar ainda um dos instrumentos para incentivar o apelo à ação, será realizada este
ano a nona edição do Prémio Nacional de Direitos Humanos, representada pela
escultura “Pomba Crioula”, símbolo universal da paz.
Excelências,
Permitam-me, neste ato, endereçar uma palavra de reconhecimento e valorização do
extraordinário legado recebido, tanto na especialização dos técnicos, como na produção
de material de suporte, que constitui uma base sólida para o reforço da divulgação e
diversificação dos parceiros para melhor cobertura, de forma permanente, em todo o
território nacional e diáspora, bem como um legado de uma instituição com alta
credibilidade no cumprimento da sua complexa missão.
À Drª Vera Duarte, Dr.ª Zelinda Cohen e Drª Zaida Morais de Freitas, os nossos
agradecimentos, pelo percurso e realizações. Merecem o nosso reconhecimento,
extensivo aos respetivos Comissários de cada Mandato, Pontos Focais Municipais e
equipa interna ao longo desses 18 anos de caminhada e desafios (muito profissionais,
discretos, sempre disponíveis e incansáveis).
Agradecemos a presença de todos e reafirmamos toda a nossa disponibilidade para
reforçar as parcerias existentes e estabelecer novas, para o cumprimento estrito da
Constituição da Républica de Cabo Verde, do alcance dos Objetivos de
Desenvolvimento Sustentável da Agenda das Nações Unidas 2030, da Carta Africana
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dos Direitos Humanos, do PEDS II e de todas as demais orientações de referência no
âmbito dos Direitos Humanos, Cidadania e Direito Internacional Humanitário.
Um parceiro especial será a comunicação social, com quem contamos para nos permitir,
com aposta nas novas tecnologias de informação e comunicação, estar junto às
comunidades de forma permanente.
Comprometemo-nos, publicamente, em tudo fazer para ser merecedores desta
confiança, e para, com humildade, dedicação, espírito de missão e responsabilidade,
trabalhar em estreita colaboração com o Governo (Serviços centrais e descentralizados),
com o setor Privado, com os Parceiros Internacionais, ONG’s nacionais, Associações
Comunitárias e a Sociedade Civil, para a proteção, promoção, consolidação dos ganhos
e reforço dos direitos humanos e da cidadania em Cabo Verde, instituindo uma
verdadeira cultura de direitos.
Neste mês dedicado à Mulher, ao Pai e à Poesia, mas também da Árvore, da Água e da
Erradicação da Discriminação Racial, fica uma nota de apreço e admiração muito
especial a todas as mulheres (cabo-verdianas e estrangeiras, a nível nacional e na
diáspora), mulheres que nos ensinaram o que é realmente fundamental para preservar a
vida, transmitindo-nos valores e fazendo de cada um de nós as pessoas que hoje somos (
respeitando as nossas diferenças, assente na construção de diálogos sustentáveis num
mundo em permanente transformação).
Um bem-haja!
Muito grata pela vossa presença e atenção dispensada.
Eurídice Mascarenhas
Praia, 08 de março de 2023Praia, 17 de Agosto de 2016